sábado, 9 de dezembro de 2017

"Como se extinguiu o urso-pardo em Portugal?"


Um artigo bem interessante de Raquel Dias da Silva sobre o livro "Urso-pardo em Portugal - Crónica de uma Extinção" que nos fala sobre a extinção deste animal no nosso país, para ler aqui.

O livro Urso-pardo em Portugal – Crónica de uma Extinção, de Miguel Brandão Pimenta e Paulo Caetano, conta como foi morto o último urso-pardo português, no Gerês. E como se traçou o destino desse predador icónico, que já existiu por todo o país.

Foi no segundo dia do mês de Dezembro de 1843, com o espírito de Natal já instalado na comunidade serrana e o frio entorpecedor a prometer a chegada de neve e fome, que uma multidão subiu à serra da Mourela, no Gerês, e até ao sítio do Sapateiro. Aí dispersaram e percorreram todo o vale do ribeiro do rio Mau até encontrarem num bosque denso o corpulento urso-pardo que procuravam. Mataram-no e transportaram o seu cadáver para a vila de Montalegre. A notícia da sua morte não ficou por Trás-os-Montes e percorreu todo o país graças à pena de um escriba, que redigiu uma breve nota publicada na Revista Universal Lisbonense a 21 de Dezembro desse mesmo ano.

Embora o seu estado de conservação seja considerado “pouco preocupante” pela União Internacional para a Conservação da Natureza, ter-se-á extinguido em Portugal, enquanto espécie com população reprodutora, por volta do século XVII. E o último urso-pardo em território português não terá sido morto em 1650, como se chegou a pensar, mas sim em 1843, na tal matança no Gerês, depois de ter existido por todo o país. “Julga-se que desceria das Astúrias, porque é fera alheia a estes países [a Portugal]”, lê-se na notícia da Revista Universal Lisbonense. Esse último urso seria, então, muito provavelmente, apenas um de outros animais errantes que há dois séculos ainda nos visitavam. “São animais errantes que vêm da Galiza. Não podemos dizer que havia ursos em Portugal. Mas de vez em quando atravessavam a fronteira”, explica ao PÚBLICO Paulo Caetano, ex-jornalista e autor de quase duas dezenas de livros de etnografia e natureza.

Fotografia: Paulo Caetano

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